I. Quem Me Dera



Quem me dera
Caminhar ao pé de ti
Quem me dera
Avistar o mar daí

Quem me dera a mim
Saber onde estás
Poder encontrar-te
P’ra ficar em paz...

Quem me dera
Redimir um coração
Resgatá-lo
Exigindo o teu perdão

Quem me dera a mim
Não ter que mentir
Cair de joelhos
E chorar a rir

Eu sei quem sou
Eu sei quem sou
Eu sei quem sou
Se tu estás perto...

Quem me dera
Conhecer-te bem demais
Quem me dera
Acordarmos imortais

Quem me dera a mim
Ser um imperador
Estatuificando
Todo o nosso amor

Eu sei quem sou
Eu sei quem sou
Eu sei quem sou
Se tu estás perto...

II. Há Uma Razão



Quando parti de madrugada
E já sem ti me fiz à estrada
Senti o peso do corpo no peito
Senti o tempo correr por defeito
Senti-me mal

Quando a cabeça parte o coração
Nada nos resta senão aceitar
Que há uma razão para continuar
Ora a perder, ora a ganhar
Há uma razão

Há uma razão para o Mundo saber
Há uma razão que me ajuda a viver
Há uma razão que me adora vencer...

Não te convenças que falas com Deus
Fala comigo sem pestanejar
Uma conversa pode ajudar
A abrir caminho por dentro do mar
Fala comigo

Há uma razão para o Mundo saber
Há uma razão que me ajuda a viver
Há uma razão que me adora vencer...

Deixa-te vencer!...

III. Não Tenhas Pressa



Tu dizes que sim
Eu digo não
Nenhum compromisso
Me afasta daqui
E o ruído do mar
Aumenta em mim...

O correio amontoei
Desliguei a televisão
Não tenhas pressa
Não atendo telefonemas
Nem recebo informação
Não tenhas pressa
Vou da cama p’ra varanda
Bebo o sol da solidão
Não tenhas pressa, não...

Se digo talvez
Ouves um sim
Nenhum compromisso
Te afasta de mim?
E o ruído do mar
Aumenta no fim...

O prazer amontoei
Desliguei o coração
Não tenhas pressa
Não atendo o sentimento
Só recebo a sensação
Não tenhas pressa
Da varanda para a cama
Bebo só satisfação
Não tenhas pressa...

O que há p’ra dizer
O que há ‘pra fazer
Pode escorregar
Basta empurrar
Não tenhas pressa
Ouve o ruído do mar...

Não tenhas pressa, não

IV. A Luz de Montreal



Eu vi
A luz de Montreal
Senti
O peso do Metal

Na sombra se estendeu
E o rosto endureceu...

Por ti
Vesti a cor do Mal
Ouvi
O som mais gutural

Aceita o meu anel!

Eu sabia...

Eu vi, eu vi
A luz de Montreal
A luz de Montreal

Senti, senti
O peso do Metal
A força do Metal

Aceita o meu anel!

Eu sabia... que me farias ver
Aquilo que nunca tinha tentado viver
A lógica do mundo invertida numa cruz
Os teus lábios negros oferecendo água e luz
Eu sabia...



V. Amor Ateu



É uma cena que não é cena
Sem cenário
Nem iluminação

Ninguém se sente em forma plena
A vida é dura
E bate contra o chão

Vejo o que tu vês
Sinto o que tu sentes
Dá-me de uma vez
Todo o teu amor ateu

Há o perigo de ficarmos todos sós
Ecoando o som da nossa voz
Perguntando se é tarde demais
Se é tarde demais
Se é tarde demais

É uma cura que não tem cura
Sem vacina
Nem medicação

Vejo o que tu vês
Sinto o que tu sentes
Dá-me de uma vez
Todo o teu amor ateu

Há o perigo de ficarmos todos sós
Ecoando o som da nossa voz
Perguntando se é tarde demais
Se é tarde demais
Se é tarde demais

Eu parto – se é tarde demais
Eu volto – se é tarde demais
Eu parto – se é tarde demais
Eu volto...


VI. Fria Espiral



Tudo o que disseste
Não queria dizer nada para ti
Ou queria dizer tudo
Apenas se esgotou em pouco tempo

Mas eu aguento em silêncio
E vivo esse momento outra vez
Queimado numa noite
Que foi arrefecendo pouco a pouco

P’ra te esquecer
Fingir que não se fez
P’ra te perder
No fim de uma só vez

Doce amargo gosto
Mistura que nasceu da insensatez
Sem corpo e sem rosto
Perdidos na espiral de uma só vez

P’ra te esquecer
Fingir que não se fez
P’ra te perder
No fim de uma só vez

Doce amargo gosto
Mistura que nasceu da insensatez

P’ra te esquecer
Fingir que não se fez
P’ra te perder
No fim de uma só vez

Sem corpo e sem rosto
Perdidos na espiral de uma só vez...


VII. Single



Estou contigo
Mas sou single
Vivo a minha condição
Ando à roda a 45
Sempre à mesma rotação

Tenho apenas um refrão
Que me faz seguir em frente
No caminho que escolhi
Encontrei-te noutra
Dimensão

Estou contigo
Mas sou single
Nunca me desligo
Da solidão

E ninguém me vai tirar
Este lado A de amar
Enquanto eu puder girar em vão

Estou contigo
Mas sou single
Vivo a minha condição
Ando à roda a 45
Sempre à mesma rotação

E ninguém me vai tirar
Este lado A de amar
Enquanto eu puder girar em vão

E ninguém me vai tirar
Este lado A de amar
Enquanto eu puder girar...

Estou contigo
Mas sou single
Ando à roda a 45


VIII. Grande Urso Branco



Era um urso branco
Era um urso grande em forma de U

Num apartamento
Num apartamento 2 em 1
Ao pé do mar...

E toda a gente que lá ia
E toda a gente que o via
Puxava o assunto

E toda a gente lhe dizia:
Nós vamos para Sul
E tu, ficas aí?

Era um urso branco
Era um urso grande em forma de U

E toda a gente lhe dizia:
Nós vamos para Sul

IX. Ninguém é Bom



Há quem diga que é o amor
Que nos faz sentir desejo
Há quem diga que é a dor
Que nos faz pedir um beijo

E empurrar o sentido da vida
Num baloiço que o tempo não pára
Há quem diga que a vida começa
Quando a morte em silêncio a acaba…

Ninguém é Bom

Há quem grite Deus é grande!
Veja em Buda a maior salvação
Alá vem buscar-me mais tarde
Que ainda agora fiz um irmão

Ninguém é Bom

Somos dois
Somos um
Somos tantos e nenhum
Somos reis do mundo inteiro
Somos raça em cativeiro
Ninguém é Bom


Alguém é Bom?

Há quem diga que tudo se acaba
Que esta vida vai sempre a descer
Mas em cada criança que nasce
Nasce alguém para o contradizer

Ninguém é Bom

Somos cem
Somos um
Somos tantos e nenhum
Somos reis do mundo inteiro
Somos raça em cativeiro
Ninguém é Bom

Alguém é Bom?

X. Agora a Sério



Fi-lo por ti
Mas não podias ver
Ficou em mim
Não conseguiu nascer

Fi-lo desejo contido num beijo
Fi-lo segredo escondido no medo

Disse p’ra mim
Tu vais ter que descer
Até ao fim
Do teu mais fundo ser

Fi-lo verdade soltando a vontade
Fi-lo prazer deixando doer

Tu não podes entender
Eu não quero aceitar
Tu não podes entender
Eu não quero aceitar

Agora a sério

Fi-lo prazer deixando doer
Fi-lo verdade soltando a vontade

Tu não podes entender
Eu não quero aceitar
Tu não podes entender
Eu não quero aceitar

Agora a sério

XI. O Som e a Fúria



Se ouvi falar do Som e a Fúria?

Não, eu conheci o Som e a Fúria...
E foi mais forte, muito mais forte do que possam pensar
Mais forte que tudo o que um dia pudesse esperar
Mesmo vindo de ti...

Presenciei o Som e a Fúria
Nunca pensei que virasses os olhos dessa maneira
Nunca pensei que um dia tu

me fizesses cair
rastejar
suplicar
p'ra depois levantar-me num ápice e dizer não!

Na-na-na-na-na-na-na-não!

Ouvi falar de paixão e luxúria
Ouvi dizer que nos cega a razão
Mas não pensei que me fosse afectar dessa maneira
Nunca pensei que me flagelasse

e cozesse em vapor
e fritasse o amor
e o servisse à bandeja na mesa da insatisfação

e a loucura abraçasse
p'ró que desse e viesse
e p'ra sempre lembrasse o momento em que disse não!

Na-na-na-na-na-na-na-não!

Se ouvi falar do Som e a Fúria?
Não, eu conheci o Som e a Fúria...